sábado, 26 de junho de 2010

Bonnie e Clyde

Bonnie & Clyde - Uma Rajada de Balas, de Arthur Penn




-->
O meu amado tinha tantas manias:
perdia canetas, lápis, chaves.
Houve um livro que comprou três vezes em um mês: depois
encontramos todos e mais um sob velhos jornais.

Lya Luft - O Lado Fatal


Amo-te, pois teu olho é torto e teu cheiro é tão selvagem quanto o aroma das fezes que boiam no Tietê.

Amo-te, pois teu veneno é fatal e em tuas unhas gigantes habitam os restos daqueles que passaram pelo teu leito.  

Amo-te, pois tua voz é um estouro e quando falas um líquido fino escorre pelo canto da boca.

Amo-te, porque és podre e consegue contaminar a mente de qualquer um que se aproxima.

Amo-te, porque és cruel e tortura psicologicamente toda vitima de suas armadilhas.

Amo-te, porque és abominável e sinto medo quando percebo sua presença.

Amo-te, sem nenhuma razão bela, pois a razão nunca fará parte do sentimento de duas feras.


 

3 comentários:

  1. Eu já estava daqui fazendo caretas, quando, com um suspiro de alívio, descobri que o outro também é fera. Ufa. rs

    Beijo

    ResponderExcluir
  2. Diferente essa relação de amor, como deve ser mesmo, voraz.
    Adorei a intensidade das palavras.

    Abraços
    L.J

    ResponderExcluir
  3. Olá...

    Seu texto é fantástico....a forma, o conteúdo e a delicadeza que tens em transformar sentimentos em prosas....


    A idéia do antiherói ser amado inicialmente é estranha...mas que espanto existe se somos todos feras??

    Um carinho!
    Mell

    ResponderExcluir